Algumas pessoas nascem amaldiçoadas e outras são amaldiçoadas. Mesmo com essas opções escassas e de certa forma certeiras, eu sou a exceção. Não nasci e nem fui amaldiçoada por ninguém. Eu sou a própria maldição.
E, às vezes, acho que esse fardo é pesado demais para ser carregado por qualquer coisa no mundo. Bom, na verdade tenho certeza. E com isso vejo que tenho sido a mais forte de todas. Não que isso seja bom. Ser constantemente implacável é algo irônico em si. Zombar da morte, rir com a doença, dançar entre lápides e apreciar o sofrimento alheio. Isso acabou se tornando o que eu sou. E aquilo de que me orgulho.
Às vezes me pergunto como os lobisomens se sentiriam se, de fato, existissem. Acho que seria aliviador por um lado. Porque, pelo menos na maior parte do tempo, eles seriam basicamente eles mesmos. Homens simples. E só com algumas exceções seriam monstros sedentos por algo que sua alma condenada jamais conseguiria alcançar.
É nesse ponto que você deve perguntar. Mas o que eles buscariam?
E eu responderia “não sei”. Mas não porque não consigo encontrar a resposta para essa difícil equação. Mas sim pelo simples fato de não ter uma alma condenada para buscar algo. Eu simplesmente não tenho uma alma.
